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3ªCOMPANHIA B.C.5015

   "OS QUIVUENGAS"




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MURAL

MURAL

 

 

 

 

               RELATÓRIO DE ACTIVIDADES NO SECTOR  DO BATALHÃO 5015

       

      CCS  DAMBA  

     1 CªCAÇ.  CHIMACONGO 

     2 CªCAÇ.MUCABA  

     3 CªCAÇ.QUIVUENGA

 

A população destes sectores pertence na generalidade ao ramo Quicongo de raça Banto o dialecto falado é o Quicongo com variantes locais.
O nível de vida destes povos é muito baixo, com alguma melhoria na região da Mucaba e Bungo devido à cultura do café .
A religião da zona é na sua maioria  o catolicismo com alguns laivos de feitiçaria .
Calcula-se cerca de 70.000 habitantes distribuidos pelas terras dos Concelhos da   Damba ,Bungo,Mucaba e parte do Songo e Bembe.

Maio de 1974 um grupo de 30 a 40 elementos da FNLA atacou o povo da localidade de Banze queimando  7 cubatas sem mais consequências retirando na direcção da serra da Mucaba.

Junho de 1974 grupo de 20 elementos atacou o povo de Banza Xingo saqueando-o raptando 8 elementos da população , um elemento capturado conseguiu fugir declarou tratar-se de um grupo novo vindo do exterior que se dividiu indo os restantes na direcção de Quivuenga,  estavam armados com espingardas automáticas Kalashnikov ,pistolas metralhadoras Sterlling armas desconhecidas com visor telescópico granadas de mão e fardavam zuarte verde azeitona e tencionavam minar algumas picadas. Posteriormente soube-se que o Comandante que atacou a povoação de Banza Xingo se chama Gongolo e é natural do antigo povo Qissango , soube-se no entanto mais pormenores que o ataque surpresa á povoação e o seu cerco sendo aprisionados numa cubata os elementos que se encontravam na povoação sendo aprisionados os restantes quando regressavam das lavras . Após a captura de quase a totalidade da povoação obrigaram as mulheres a darem-lhes comida tendo retirado a coberto da noite. A povoação de Banza Xingo com medo de novo ataque deslocou-se para junto da povoação do Lembe.
As populações mostram -se receosas e confusas face aos últimos ataques sabendo, que o número de guerrilheiros está a aumentar na zona. Face aos últimos acontecimentos fui  intensificada pelas  nossas tropas acções de sensibilização junto das várias povoações circundantes no sentido de lhes dar mais segurança.
O proprietário da fazenda Quilongolana referiu a passagem pela sua fazenda de um individuo de nome António Abel Binza ex. prisioneiro que dizia ser membro do MPLA  E UPA  e que ameaçou de morte três dos seus empregados.
Grupo da FNLA saqueou uma pequena exploração de café , roubando sal e roupas.
 

Julho de 1974 pelas 14 horas um grupo de 26 elementos atacou o povo de Mabaia causando um ferido , a milícia do povo reagiu pondo o inimigo em fuga um grupo de  militares seguiu no seu encalço tendo-lhe causado um ferido. Foram ouvidos 3 rebentamentos que pareciam de morteiro no lado norte a cerca de 5 km de Lucunga suspeitando tratar-se de sabotagem no motor da água  a tropa dirigiu-se ao local mas não encontrou nada de anormal.
Fui encontrada na viatura do chefe de posto da Lemboa um papel com os seguintes dizeres
"Aviso o sr. chefe que esta terra aqui vai entrar os turras, muita atenção estes dias pretendes avisar tropa não posso dizer mais senão fico morto, eu sinto dor no peito e aviso antes só que na ideia deles matar crianças do senhor chefe e trazer senhora do chefe para fazer oferta no Congo ela sofre muito se for na mata mas só depois da data de 15 quando o grupo estar tôdo, sou amigo mesmo e digo a verdade juro".Grupo não estimado atacou a povoação de Penda nas suas lavras causando dois feridos ligeiros.
Dia 23 grupo atacou o pessoal da fazenda Ria de Aveiro causando 1 morto e 2 desaparecidos capturou uma Mauser partida os dois elementos desaparecidos apresentaram-se posteriormente.
Pelas 19,30 Horas um grupo da 3ª C.CAÇ. acionou uma mina anti-carro junto á fazenda Sta. Leocádia tendo causado um morto "cabo Geremias Angolano"e seis feridos destruindo a viatura.
Um grupo de cerca de 20 elementos bem armados atacou e saqueou a fazenda Crespo raptando um trabalhador da fazenda, tendo retirado com um ferido grave confirmado , o 2ºgrupo da 3C.CAÇ. dirigiu-se ao local para tomar conta da ocorrência . Apresentou-se o individuo raptado da fazenda Crespo refere que o grupo era constituido por elementos todos armados de Kalashinikoves não tinham acampamento certo , e não falavam Português .

Agosto de 1974 grupo não estimado atacou uma pequena Chitaca de Abílio Dias tendo causado 3 mortos e  3 feridos e 2 desaparecidos uma mulher e uma criança   Por suspeitas de envenenamento por parte do IN fui montada protecção á captação de água que abastecia a 3 C.CAÇ  em Quivuenga.
Grupo IN capturou nas lavras do povo Tuco uma  mulher e duas crianças , no dia seguinte foram libertados.
Agosto de 1974 os donos das fazendas Maria Armanda, Sra das Neves e Primeira devido ao abandono dos seus trabalhadores e de elementos de auto defesa  , e face ao receio dos movimentos de libertação estarem agora concentrados nos fazendeiros , resolveram não proceder á colheita do café.
O soba do Quiteco Songo fui conctatado por um grupo de 32 elementos de guerrilheiros  armados com armas automáticas ,pediram de comer ao Soba do referido povo depois de pagarem ,perguntaram sobre as consequências da mina anti carro colocada na zona , dizendo que fora ali colocada por um grupo do Uando,disseram também que a partir de agora não haveria mais guerra e que só queriam a paz.
Na zona da Mucaba elementos da FNLA contactaram com a povoação da Lussenga afirmando que estavam na disposição de acabar com a luta armada , caso as nossas tropas também o fizessem e que tinha sido um grupo vindo da região de 31 de Janeiro que tinha montado a mina anti carro, e que estes mesmos elementos do grupo tinham sido castigados e presos, por terem feito mal ás nossas tropas pois só querem a paz e a independência e que oportunamente iriam ser enviadas cartas ao Comandante da Companhia .

Setembro 1974 novo contacto da FNLA com o povo de Lussenga , reafirmando que querem a paz e se as nossas tropas não atacarem não montam minas nas picadas , referiram que existem 9 grupos na Serra Mucaba sob o comando de Vuna Vioque.
Três rapazes raptados no dia 12 de Agosto nas lavras do povo Quipemba referem a entrada de 110 guerrilheiros do ELNA vindos da República do Zaire tranportando grande quantidade de minas anti carro e pessoais , sendo intenção atacarem o quartel de Quivuenga e os povos de Tuco , Quiminongo  e Penda no mês de Dezembro, referiram ainda de a existência de dois quartéis um no centro da Mucaba com um efectivo de 50 homens comandado por Muana Angola , ou Domingos Malembe , outro  em Quicomba com um efectivo de 60 homens  comandado por Vuna Vioque.
 20 de Setembro de 1974 grupo não estimado atacou e raptou na Fazenda Maria da Luz dois trabalhadores tendo posteriormente aparecido um deles gravemente ferido e outro morto ,fui referido pelo elemento ferido ser intenção dos guerrilheiros  do ELNA actuar sobre as áreas económicas da região do Songo ,visto nessa área os trabalhadores trabalharem em demasia para a remuneração que auferem , sendo a sua vontade contactar pacificamente com os povos limítrofes da Serra da Mucaba, não tendo contudo autorização para conversarem com o pessoal branco.
Dia 24 de Setembro de 1974 elementos emancipalistas do ELNA deslocaram-se  ao destacamento de Lemboa para entabolarem conversações com o comandante desse aquartelamento, convidando-o para um encontro com o chefe do grupo tendo em vista o estudo de medidas para o estabelecimento de um cessar-fogo na zona do Batalhão.
Dez elementos da FNLA voltaram ao destacamento da Lemboa ,para novas conversações com o Comandante desse aquartelamento , no decorrer das mesmas propuseram para o dia seguinte a deslocação ao comandante do grupo Vuna Vioque, a proposta fui aceite e pelas 8,30 horas fui realizada uma coluna na direção de Quivuenga ,tendo o Comandante ali sediado manifestar interesse em participar nos contactos . Durante o itinerário de ligação de Quivuenga para o Penda as nossas tropas tiveram a oportunidade de constatar que os guerrilheiros do ELNA tinham montado ao longo da picada , uma eficiente segurança descontinua , verificando-se ao longo dos Povos por onde iam passando , a existência de guerrilheiros emboscados , chegados ao Penda foram recebidos com honras militares , pelo efectivo do ELNA , que aí os aguardava,realizaram-se em seguida as conversações.

Dezembro de 1974  deslocaram-se a Quivuenga o Comandante Sectorial do Uige e o Comandante adjunto da FNLA a fim de serem localmente coodernados os futuros procedimentos nas relações  nossas tropas /FNLA .
13 de Dezembro de 1974 realizou-se um  comício no Songo presidido pelo Delegado politico da FNLA, estiveram presentes grande número de comerciantes e agricultores da zona a fim de tratarem assuntos relativos a pessoal.
Fevereiro de 1975 foram referenciados na Mucaba 15 elementos do MPLA armados , que após terem sido detidos pelos elementos do ELNA , presentes naquela localidade , foram transportados para Carmona e entregues na referida Delegação. Na mesma data foram referenciados 2 elementos armados do MPLA no Songo faziam-se transportar numa viatura civil após terem sido interceptados , dirigiram-se para Carmona.
O Comandante interino deslocou-se a Carmona no dia 4 de Dezembro para resolução dos recentes incidentes entre o MPLA e FNLA em Mucaba.

Dia 8 de Fevereiro uma ambulância do Batalhão deslocou-se a Carmona a fim de transportar um ferido da FNLA resultante de um acidente com uma viatura na estrada entre o Songo e Lucunga de que resultou um morto e vários feridos .
 

Nada mais a assinalar a partir desta data , começou a desmoblização do Batalhão e o regresso ao Puto.
A guerra agora era,entre os Movimentos de Libertação MPLA , FNLA e UNITA que até á data não mais se entenderam , deixando um Pais destruido nas suas infraestruturas e com feridas tão profundas que ainda nos dias de hoge não sararam.
Calcula-se que de 1975 até 2002 com a morte do lider da UNITA Jonas Sabimbi morreram 500.000 pessoas na guerra entre Angolanos.

Foram moblizados para Angola 65.000 soldados em treze anos de guerra colonial de 1961 a 1975 foram contabilizados 3.250 mortos sendo 1.306 mortos em combate.